quarta-feira, 22 de abril de 2009

Sobre a Vertigem

Vertigem- Milena Travassos

Um dia de sol, natureza estonteante, uma fazenda de interior talvez. Um poço. Não um simples poço, mas daqueles bem grandes e profundos que teve sua exploração bem sucedida, pois está preenchido.
Talvez esses sejam lugar e momento perfeitos para realizar uma fantasia, seguir um desejo súbito gerado pela vertigem presente na cova funda aberta no solo.
Sobe um frio na barriga só de pensar que diante dele posso ter um capricho irresistível, posso ceder a uma tentação, agir por impulso.
Banhar, nadar, pular, cuspir, fazer um pedido, declarar um amor reprimido, ouvi-lo ecoar, ver o próprio reflexo, corpo nu.
Ação geradora de subversão. Subverter o tempo, o espaço e até indícios de humanidade. Personagem de si mesmo em um mundo surreal. Atingir algo que é sublime.
Milena realizou seu desejo. Tornou-se um mito, um ser que habita águas sagradas. Balança seu corpo nu, frágil, possuidor de algo divino. Metamorfose que atravessa a fronteira da realidade, ser outro, outro lugar, em outro tempo.



Cecília Bedê
04/2009

Um comentário: