sexta-feira, 4 de julho de 2008

EXPOSIÇÃO IRIANA VEZZANI

Minha amiga Ira vai expor no SESC Curitiba, a abertura será no dia 09/07! Fico muito feliz porque conheço bem seu trabalho e melhor ainda, a pessoa! A Iriana é mãe de família, está terminando o curso de Artes na Federal e ainda encontra tempo p desenvolver seus trabalhos e ajudar os professores nas exposições que estão montando junto com outros alunos e ex- alunos (como eu \o/\o/)!

Na última exposição que fizemos juntas em Ponta Grossa, fiz várias fotos de seu trabalho; foram essas fotos que ela levou p o SESC e foram escolhidas p o cartaz e o convite – isso me deixou ainda mais feliz, mas reconheço q a qualidade das fotos é o reflexo da qualidade de seu trabalho.

Ele gira em torno das cicatrizes da cidade, fendas abertas nas ruas, bueiros nas calçadas...ao derramar o chumbo derretido sobre elas, obtém uma impressão que é um registro dessas marcas, mas suas bordas irregulares denunciam - como diz Dulce Osinsky no texto de apresentação, que nem tudo está sob controle.

Eis o texto na íntegra:

AS CICATRIZES DA CIDADE

Cicatrizes, gravuras no corpo impressas pela vida. Marcas investidoras de humanidade, a perpetuar em cada um de nós vestígios de uma trajetória pessoal.

Protagonistas de um redemoinho civilizatório que tem nas cidades seu lócus privilegiado, também deixamos marcas de nossas ações construtivas – e destrutivas – nos espaços que habitamos. Uma cidade nunca está pronta, todo dia se reconstrói, e nesse processo muitas vezes doloroso as cicatrizes são inevitáveis. Marcas do inacabado, do uso constante ou da depredação, elas também podem ser, como os bueiros, sinalizações do que deve ficar oculto sob a terra, como os esgotos urbanos ou a água poluída que escorrerá para os rios. Um olhar mais cuidadoso para o chão das vias publicas, que todos os dias suporta nossos passos mas de cujos detalhes não nos atentamos, nos mostrará as fissuras das calçadas, os inúmeros consertos e remendos, testemunhos de uma realidade urbana em constante transformação, nem sempre para melhor.

Para Iriana Vezzani, são essas feridas – curadas ou não – que instigam seu processo de trabalho. Chamar a atenção, criar um deslocamento, tentar registrá-las antes que desapareçam sob mais uma retro-escavadeira, é o que tenta fazer quando derrama sobre elas o chumbo derretido. A ação gera um produto do avesso, um objeto opaco, uma impressão com jeito de matriz, com vazios se configurando como matéria e letras espelhadas que dificultam a leitura. As bordas escorrem orgânicas, irregulares, como a avisar que nem tudo está sob o nosso controle. As cicatrizes da cidade não deixam de ser, em última instância, as cicatrizes do próprio homem. (Dulce Osinski)

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